O projeto Parque Orla Piratininga Alfredo Sirkis consiste em um Parque Público na margem da Lagoa de Piratininga. O propósito do Parque Orla Piratininga (POP) é criar, através de soluções baseadas na natureza, um ambiente que priorize e aproxime o usuário do meio natural, ainda que num contexto urbano, estimulando o sentimento de pertencimento do cidadão com aquele espaço ambiental.
O projeto inclui a caracterização e ações de recuperação dos ecossistemas, paisagismo, iluminação pública, requalificação de vias e acessos existentes, a implantação de equipamentos esportivos, e de um EcoMuseu, todos com a finalidade de uso público.
O Parque Orla Piratininga tem uma área de 680 mil m², incluindo as Ilhas do Modesto, Pontal e do Tibau. Foi planejado de forma a proteger e recuperar os ecossistemas da Lagoa de Piratininga e o seu entorno, recuperar a qualidade ambiental de suas águas, evitando a chegada de sedimentos e nutrientes e, além de oferecer equipamentos de lazer, recreação, contemplação, cultura e educação ambiental.
O POP contará com:
35.290 m² de Jardins Filtrantes,
4 píeres de contemplação e 6 de pesca,
10.6 km de ciclovia que se integrará ao Sistema Cicloviário da Região Oceânica,
17 áreas de lazer,
1 Centro Ecocultural com 2.800 m²,
3 mirantes e
8,3 km de vias de tráfego misto.
Seguindo a priorização na implantação de Soluções baseadas na Natureza – SbNs para reverter o processo de degradação ambiental da Lagoa de Piratininga, o Parque Orla, estão sendo construídos a estruturas a seguir descritas. Importante ressaltar que grande parte do trecho 1 já apresenta nova paisagem, demonstrando um novo ambiente socioambiental.
Com objetivo de minimizar a poluição difusa que escoa para a lagoa, principalmente através dos rios contaminados. Os principais contaminantes presentes nos rios que desaguam na Lagoa de Piratininga são sólidos provenientes da lixiviação de pisos e da erosão das margens, aliados a alta carga orgânica proveniente do lançamento irregular de esgoto doméstico e lixo descartado de maneira inadequada. Estas estruturas têm a função de realizar a sedimentação dos sólidos suspensos, já retendo vários elementos que contribuem para o assoreamento da Lagoa e realizando a preparação das águas para serem lançadas aos Jardins Filtrantes. As bacias receberão manutenção constantes, onde consta com acesso de veículos e equipamentos para realização dos serviços.
Conhecidos como wetlands, são tecnologias baseadas na natureza para tratamento de águas efluentes e lodos e se destaca das demais por utilizar a vegetação como um dos elementos do sistema. Neste sistema as plantas “macrófitas” realizam a função de absorção de toda matéria orgânica, para sua alimentação (raízes), e realização dos processos fisiológicos a evapotrispiração (folhas), além de criar um ambiente dentro dos próprios jardins para o desenvolvimento de bactérias que realizam a quebra de partículas poluentes. Neste sistema não há aplicação de agentes químicos artificiais ou microrganismos exógenos, além da recomposição vegetal da mata ciliar.
São valas de extensão bidimensional que servem como sistema de biorretenção contribuindo no controle de poluentes na água pluvial, no aumento da infiltração do solo e na retenção de volumes de água, evitando picos de cheias. Os jardins de chuva estão previstos para coleta das águas pluviais provenientes dos sistemas de drenagem dos bairros, que deságuam em manilhas no canal de cintura.
São depressões lineares preenchidas com vegetação, solo e elementos filtrantes (areia, brita, drenos e vegetações) com o objetivo de processar a limpeza da água da chuva ao mesmo tempo em que aumentam seu tempo de percolação sobre o terreno. Também são chamadas de valetas de biorretenção vegetadas.
Vertedouros
Foram estruturados em gabião argamassado com fundo em colchão Reno e produzidos com arames revestidos com ligas especiais, além de protegidos com revestimento plástico. Os vertedouros têm a função de desviar as águas dos rios contribuintes direcionando o fluxo das águas para os sistemas de tratamentos (Bacias de sedimentação e Jardins Filtrantes). Os vertedores realizam também o controle de volume de águas que acessam o sistema de forma a manter o tempo de detenção para que o sistema mantenha sua eficiência.
A obra de implantação do Parque Orla Piratininga, foi iniciada no segundo semestre de 2020, com a execução dos projetos de infraestrutura verde (jardins filtrantes, vertedouros, bacias de sedimentação e revegetação de áreas degradadas), além de implantação da Praça 2 com mirantes e 5 píeres. A empresa iniciou as atividades executando a limpeza e escavação do terreno, para implantação dos jardins filtrantes e bacia de sedimentação e vertedouro do Rio Cafubá.
Ao final do primeiro semestre de 2021, já se encontravam concluídos os serviços de estaqueamento para execução do píer de contemplação na bacia do Arrozal, assim como os blocos de coroamento das estacas. Foram, também, concluídos os serviços de implantação de tubos PEAD de drenagem no jardim filtrante da bacia do Cafubá e esses serviços continuam nos jardins filtrantes da bacia do Arrozal. Continuam os serviços de topografia e as escavações na foz do Rio Jacaré
O primeiro trimestre de execução da obra, foi caracterizado pela atividade de implantação do canteiro de obras, limpeza e escavação do terreno. As áreas de implantação da infraestrutura verde na foz do Rio Cafubá já se encontram quase concluídas após as etapas de colocação de brita, manta e colchão reno, restando ainda o vertedouro do Cafubá que se encontra em fase de construção.
A empresa responsável pela infraestrutura verde avançou com os serviços, executando a escavação do terreno, para construção dos jardins filtrantes e bacia de sedimentação. Após a escavação, os jardins são recobertos com manta geotêxtil. Nas bacias de sedimentação há colocação de colchão reno, já os jardins filtrantes são compostos por brita. Os taludes ao entorno dos jardins também já estão sendo executados
No segundo semestre de 2021, as obras avançaram com a construção dos Jardins Filtrantes dos Rios Arrozal e Jacaré, construção das bacias de sedimentação, assentamento das tubulações PEAD de conexão entre a estruturas dos sistemas dos jardins, e início da construção dos Vertedores dos Rio Arrozal.
Neste período também foram iniciados os serviços de revegetação, plantio das áreas em torno dos Jardins, além do recobrimento dos taludes dos jardins através do plantio de grama biomanta e execução da hidrossemeadura. Foram realizadas, também, supressão de espécies exóticas e invasoras, além de indivíduos que estão na projeção de implantação das obras.
Foram realizados a partir dos projetos básicos os detalhamentos executivos com o zoneamento das espécies vegetais de forma que possa melhor ocupar as áreas depois das obras prontas. Além do detalhamento das áreas da ilha do Modesto.
No primeiro semestre de 2022, as obras de infraestrutura verde e recomposição vegetal avançaram, estando em fase final de implantação, sendo concluídas, presumivelmente, no segundo semestre do corrente ano. Os vertedouros que coletam as águas da bacia do rio Arrozal e do Rio Jacaré já foram concluídos e interligados às bacias de sedimentação. Os jardins filtrantes já estão conectados às bacias de sedimentação. Para a conclusão do sistema de tratamento falta apenas o plantio das espécies macrófitas nos jardins filtrantes. Todavia, a interligação dos rios Arrozal e Jacaré nos vertedouros e, em sequência, nos jardins filtrantes somente será feita quando da execução das de saneamento ambiental na Favela da Ciclovia. O vertedouro da bacia do rio Cafubá está em fase inicial de implantação. Desta forma, o sistema de jardins filtrantes do Cafubá será o primeiro a entrar integralmente em operação.
O atraso na construção do vertedouro do Cafubá deveu-se à impossibilidade temporária de remoção dos resíduos, devido ao prolongamento do processo licitatório de remoção e destinação dos resíduos, em função da feroz competição entre as empresas que impetraram sucessivos recursos em diferentes instâncias.
O projeto luminotécnico para o Parque Orla Piratininga, diante dos anseios da população, teve como objetivo garantir luminosidade e segurança em praças, vias e áreas de lazer, facilitando o fluxo de veículos e de pessoas no local. Mas apesar da execução da iluminação ter alcançado a expectativa dos moradores e dos visitantes, pois permitiu o passeio e a prática de esporte até durante a noite, é imperativo afirmar que, com base nos estudos dos impactos da iluminação artificial nos seres vivos, destacados em artigos publicados nas últimas décadas, a equipe do PRO Sustentável segue em fase de estudo e testes de adequações, a fim de ajustar a luminância atual, como a colocação de anteparos para suprimir feixe luminoso no espelho d’água e nas áreas de vida silvestre.
É possível saber mais detalhes no memorial técnico de iluminação pública.
Conformando um sistema de espaços livres composto por áreas de estar, áreas infantis, áreas de esporte, áreas de equipamentos de academia, o escopo também inclui a previsão de praças com píeres voltados para pesca e contemplação. Além disso, também são propostos alguns mirantes. O projeto viário conecta as praças e interliga o Parque com a urbanização atual, priorizando o trânsito de bicicletas e o passeio para pedestres por toda a margem, criando espaço para veículos leves circularem em velocidade baixa somente quando necessário.
O Parque Orla Piratininga prevê a criação de 17 praças de acesso irrestrito ao longo dos 10,6km de margem da Lagoa. Como resultado, espera-se que o usuário tenha essas praças como pontos de interesse e localização durante o percurso total do Parque. Além disso, os espaços livres projetados proporcionam diferentes experiências para os usuários do Parque conforme as características específicas de cada área. Foi projetado ainda um mirante isolado das praças, como um ponto exclusivo de interesse para apreciação da paisagem na Ilha do Pontal.
Como configuração estruturante, 3 praças principais foram desenhadas em pontos estratégicos do Parque. Dotadas de programa abrangente e possibilitando maior diversidade de usos, são elas: praças 1, 6 e 14. As demais praças, com menor flexibilidade de usos, têm como função a conectividade, o descanso, a apreciação da paisagem e a dinamicidade do percurso do Parque.
O programa de cada praça varia e o desenho do piso foi projetado de modo que crie, sempre que possível, ambientes reclusos e separados para que área de estar, infantil, de academia, etc, sejam de fácil reconhecimento e respeitadas pelas demais atividades que acontecem no entorno imediato. Além disso, na praça 1, principal acesso ao Parque, propõe-se que haja um jardim sensorial, com percurso contínuo, acessível e guiado, onde tato, visão, paladar e olfato poderão ser aguçados pela escolha das espécies e pela proposta de intervenção em parte do piso. Em relação a audição, propomos uma escultura sonora de artista local. No mais, o desenho das praças considerou também a criação de canteiros e arborização que, sempre que possível, criem ambientes sombreados e protegidos pela vegetação. Os estratos vegetais arbóreos, arbustivos e de herbáceas nas áreas de canteiros nos entornos imediatos das praças são especificados seguindo as particularidades de cada local. Como pressuposto básico, foram adotadas espécies nativas do bioma Mata Atlântica e com comprovada adaptação às condições da região.
Frente à oportunidade de projetar um parque seguindo diretrizes ecológicas compatíveis com o contexto local, o projeto viário foi pensado a fim de proporcionar ao usuário do Parque uma experiência agradável e universalmente acessível no percurso “Via Parque”, que se estende ao longo dos 10,6km de margem da Lagoa. De antemão, cabe enfatizar que foram adotados como alvos prioritários aqueles que percorrerão o parque a pé ou de bicicleta, sejam eles visitantes ou moradores do entorno. O projeto desestimula e restringe sempre que possível o trânsito motorizado. Na maior parte dos trechos, a velocidade máxima permitida é igual ou inferior a 40 km/h. Nos trechos onde o trânsito motorizado é indispensável, o traçado comporta uma faixa única unidirecional a ser ocupada por veículos leves de passeio de dimensões convencionais.
Comumente, um corte transversal da Via Parque é composto por:
Calçada pavimentada em concreto de largura reduzida que dá acesso aos lotes lindeiros, no lado oposto da margem da Lagoa. Como muitas das edificações preexistentes não contam com calçadas definidas e padronizadas, o projeto prevê um calçamento mínimo de 1,2m de largura;
Via central onde circulam bicicletas e veículos motorizados, de forma compartilhada ou segregada;
Passeio público contínuo na margem da Lagoa, com no mínimo 1,50m de largura. Consiste em trajeto contemplativo executado em piso de saibro-cimento, exclusivo para pedestres (salvo raras exceções, compartilhando com ciclistas) que permite acessar praças e píeres projetados ao longo da Lagoa.
Foram adotados os tipos de pavimento para as ciclovias, ciclorrotas e ciclofaixas:
Pavimento intertravado;
Pavimento asfáltico;
Pavimento em concreto;
Pavimento em saibro-cimento
De acordo com as oportunidades e limites específicos, foram adotadas as seguintes tipologias de fluxo de bicicletas e veículos motorizados:
Ciclovia bidirecional. Com 2,50 m de largura, em concreto vermelho pigmentado ou intertravado cimentício vermelho (em casos especiais). É proposta nos trechos onde o trânsito de veículos é proibido;
Ciclovia unidirecional. Com 1,20m de largura, em concreto vermelho pigmentado. Ocorre na maior parte do Parque, no sentido horário de circulação e combinada à Ciclorrota unidirecional, em trechos onde a largura da área de intervenção permite criar um limite físico (idealmente, um canteiro vegetado ou biovaleta de largura mínima de 70 cm) entre a Ciclorrota e a Ciclovia;
Ciclorrota unidirecional. Com 2,70m e 3m de largura, em piso asfáltico. É adotada na maior parte do Parque e segue o sentido anti-horário de circulação (ou seja, oposto ao sentido da Ciclovia / Ciclofaixa unidirecional), permitindo a circulação de ciclistas bem como o acesso a garagens preexistentes dos lotes lindeiros ao Parque;
Ciclorrota bidirecional. Com 5,50m de largura mínima, em piso asfáltico. É adotada na Via Parque onde é necessário o trânsito de carros em ambos os sentidos e onde a largura da área de intervenção não permite a criação de Ciclovia ou Ciclofaixa;
Ciclofaixa unidirecional. Com 1,20m de largura, em piso asfáltico, separada da circulação de veículos motorizados por buffer de 30 cm composto por segregadores e tachas bidirecionais. Segue o sentido horário de circulação (ou seja, oposto ao sentido da Ciclorrota unidirecional) em trechos onde a largura reduzida da área de intervenção não permite maior separação entre a Ciclorrota e a Ciclofaixa;
Passeio público compartilhado. Com 1,50m de largura mínima, em piso de concreto ou deck de madeira (em casos especiais, onde o passeio se projeta para o leito da lagoa). Ocorre em trechos curtos específicos, onde a largura reduzida inviabiliza a separação do fluxo de pedestres e ciclistas.
Ciclorrota bidirecional compartilhada com pedestre. Com 5,40m de largura mínima, em piso asfáltico. Ocorre unicamente na Rua Dezoito (Jardim do Imbuí), em trecho de baixo fluxo onde a largura reduzida de intervenção inviabiliza a adoção de calçada para pedestres.
Em relação à drenagem do Parque, o projeto buscou adotar os conceitos de drenagem urbana sustentável, sendo propostas diferentes tipologias de acordo com as características de cada área, sendo adotados sistema convencional de bocas de lobo e poços de visita e jardins de chuva e biovaletas, além dos sistemas de alagados construídos, contemplados em outro edital de licitação.
O Projeto de Requalificação do Canal de Cintura foi dividido em dois escopos distintos, quais sejam: o projeto de fitorremediação e o projeto hidráulico.
O sistema de tratamento de águas do Canal de Cintura está enquadrado no escopo de Soluções Baseadas na Natureza (SbN). Dessa forma, o Projeto prevê a requalificação do modo o mais natural possível, por meio de processos de Fitorremediação e utilização de materiais construtivos sustentáveis. Assim, haverá a integração do Canal ao conceito do Parque Orla Piratininga (POP), apesar de ser um sistema isolado de tratamento.
A seção tipo do Canal será em pedra de mão arrumada no fundo e Colchão Reno nas laterais. São previstos 5 desagues na Lagoa de Piratininga, sendo 3 em vertedouro de soleira livre e 2 em desague direto. A problemática significativa em relação ao Canal de Cintura é a condição do solo pois, em alguns locais, o solo é mole a muito mole, impedindo o acesso de pessoas e de maquinário, devido a condições geológicas de pântano/brejo das margens da Lagoa. Nesses locais específicos, estão sendo alinhadas com as empresas supracitadas outras formas de implantação dos desagues e dos processos de Fitorremediação.
O Recanto da Rua Estrela será um novo atrativo do POP! Está sendo mantida a sua preservação natural o máximo possível, com acesso apenas para pedestres e ciclistas, com o plantio de manacás (flores perfumadas azuis e brancas) e a implantação de equipamentos simples e rústicos para a contemplação, além de um pÍer sobre estacas, no final da trilha, avançando sobre o espelho d´água da Lagoa, bem como um mirante para observação da paisagem. As áreas úmidas, rebaixadas em relação do greide da estrada, estão sendo transformadas em áreas protegidas com base na legislação vigente e com justificativa na rica biodiversidade local.
A Rua Estrela apresentou uma quantidade de blocos rochosos no seu substrato, além do que identificado por ocasião do projeto executivo. Tendo em vista a inexequibilidade financeira desse projeto, a equipe UGP-CAF elaborou outro projeto de drenagem pluvial, prevendo outros tipos de dispositivos a baixa profundidade, de forma a não atingir o maciço rochoso existente. O novo projeto foi finalizado em dezembro de 2021 e as obras iniciaram-se em janeiro de 2022.
Diante do avanço das obras do Parque Orla Piratininga em direção à rua Estrela (antiga rua 100) no bairro de Piratininga, especificamente em seu final, onde há alagados em condições não degradados que servem de habitat e áreas de refúgio para a fauna local, viu-se a necessidade de reconsiderar o projeto e fazer algumas alterações a fim de garantir a proteção e conservação dessas áreas úmidas. Assim, para uma melhor utilização da área, do ponto de vista ambiental, as intervenções das obras foram limitadas até o ponto onde está localizada a placa do Parnit (coordenadas -22.941803,-43.085636), onde deverá ser implantada uma barreira contra veículos e a continuação da rua deverá ser mantida sem pavimentação e iluminação pública, permanecendo como Trilha Mirante da Lagoa (presente no Guia de Trilhas de Niterói).
Atualmente, a região da orla da Lagoa de Piratininga apresenta, de modo geral, uma biodiversidade que requer amplo trabalho de restauração ecológica para recriar os habitats, o que está previsto com a implantação do Parque Orla Piratininga. Por outro lado, no Recanto da Rua Estrela, a área úmida está bastante preservada e com alto potencial ecológico, onde a proteção da biodiversidade local será reforçada. Há grande diversidade de habitats, que incluem desde uma mata de encosta bem preservada e vários alagados, além de rochas com cactos e serapilheira. A rua Estrela está situada entre áreas rebaixadas naturais que se encontram inundadas, mesmo no período seco, e são utilizados pela fauna local como áreas de alimentação e reprodução, além de sítios de descanso para aves migratórias. Essa área é proveniente de uma intervenção antrópica de 1993, a “Ciclovia da Lagoa de Piratininga” que isolou um trecho da Laguna devido a um aterro.
Décadas depois, detectou-se que estes alagados mantém suas características originais:
(i) foram pouco influenciados pelas intervenções que, inevitavelmente, aumentam o grau de salinidade da laguna e;
(ii) devido à percolação das águas das encostas e do lençol freático, criou-se ali um “Brejal” que se tornou refúgio da fauna que prefere áreas de menor salinidade da laguna.
Quanto à fauna local, a partir do levantamento herpetofaunistico (estudos de répteis e anfíbios) no entorno do Sistema Lagunar, realizado pela empresa Hydroscience no período de julho/2018 a junho/2019 verificou-se a presença de muitos anuros jovens próximos aos brejos ao final da rua Estrela, indicando essa área como um importante ponto de reprodução. Cabe ressaltar que durante estudo realizado pela Hydroscience, o ponto amostral próximo à rua Estrela (ponto HP1) foi um dos que apresentou maior abundância (183 indivíduos) e maior riqueza (13 espécies), além de ter sido o único ponto com espécies exclusivas como Aparasphenodon brunoi, Dendropsophus decipiens, D. bipunctatus e D. Minutus.
Ainda, através das incursões realizadas pela equipe de voluntários do PARNIT foi possível verificar a espécie Stereocyclops parkeri, cuja presença só foi observada nesse trecho, entre as várias excursões para fotografar anfíbios e répteis em diversas trilhas do PARNIT. No mesmo trecho também foi possível encontrar a espécie Nyctimantis brunoi, anfíbio que não é encontrado no PESET (Parque Estadual da Serra da Tiririca) na cidade de Niterói há anos. Contudo, no PARNIT a espécie é abundante.
Além disso, têm sido visualizadas pelo gestor do PARNIT e pela população local algumas famílias de Capivara e jacarés.
A região de Niterói tem aproximadamente 500 (SCHUNCK, 2018 apud Consórcio Parque Orla Piratininga – POP, 2018) espécies de aves, o que representa cerca de 26% das espécies presentes em todo o Brasil. Esse número é devido, principalmente, à presença da Mata Atlântica e a sua riqueza. Apesar de sérios problemas de eutrofização artificial, a Lagoa de Piratininga abriga uma comunidade de aves bastante significativa, cujas populações oscilam ao longo do ano. Assim podemos notar a presença de mais de 275 aves na Lagoa de Piratininga e nos arredores (Consórcio Parque Orla Piratininga – POP, 2018). Assim, vê-se que a avifauna é extremamente rica na área, a figura abaixo apresenta algumas espécies observadas no local.
Em relação à flora local, pode-se verificar espécies de Mata Atlântica e espécies típicas de áreas úmidas que formam um sub-bosque na área. Essas árvores são importantes não só para a avifauna como também para estabilização do talude e margens dos alagados de modo a evitar que haja erosão das margens e que parte do barranco escorra para dentro da área alagadiça.
Com isso, vê-se que a rua Estrela é a única conexão entre a floresta ombrófila densa em estágio avançado de sucessão do PARNIT com a vegetação marginal da laguna de Piratininga, possuindo alta abundância e diversidade de fauna. Assim, é extremamente importante incentivar a preservação dessas áreas úmidas, promovendo o fluxo gênico, a conscientização ambiental, a conservação dos ecossistemas e a biodiversidade.
Ainda, as atividades de observação de fauna são bem frequentes e apresentam grande potencial de desenvolvimento no município, sendo a Rua Estrela e a Trilha Mirantes da Lagoa um dos pontos já consolidados para esta atividade na cidade de Niterói, tanto em relação à Avifauna quanto à Herpetofauna.
Devido à raridade deste tipo de ambiente atualmente preservado na Lagoa de Piratininga e, também, para a manutenção da beleza cênica do local, faz-se necessária a preservação dessa área de modo que não haja a sua fragmentação, mantendo a conexão entre as manchas de ecossistemas e evitando o efeito de borda que leva a alteração da temperatura, umidade e disponibilidade de recursos locais para as espécies da fauna e flora. Reitera-se que este trecho, é o melhor refúgio para a fauna deste sistema além de estar muito próximo da única zona de preservação estabelecida pelo Plano de Manejo do PARNIT.
O projeto contempla, ainda, a construção de 3 (três) edificações de sanitários, localizadas nas praças 06 e 14, a construção de 5(cinco) estruturas de apoio as atividades pesqueiras e um Centro Eco Cultural.
As edificações dos sanitários terão 108 m² de área construída cada. Serão compostas de Hall de entrada, sanitários acessíveis e sanitários coletivos femininos e masculinos, sanitário família e depósito. Serão construídas em estrutura de concreto revestidas com perfis de madeira.
O Ecomuseu totaliza cerca de 1680 m² de área construída. A grande praça coberta do pavimento térreo abriga os serviços de recepção e chapelaria; guarda-caiaques; espaço multiuso; sanitários e vestiários; e restaurante. A circulação fluída abriga exposições temporárias e fixas; a circulação vertical foi estabelecida através de uma escadaria desenhada para exercer também a função de arquibancada, atendendo assim a necessidade de um espaço informal para reuniões das associações de bairro e pescadores. Para atender a acessibilidade, foi prevista uma plataforma elevatória na recepção, de forma a garantir o acesso a pessoas com mobilidade reduzida e pessoas com necessidades especiais a todas as áreas do ecomuseu.
O mezanino abriga uma sala de reuniões e uma sala administrativa que atende a uma necessidade solicitada pela municipalidade. As passarelas e espaços vazios do mezanino criam oportunidades para exposições e encontros, criando assim espaços ativos em todo o conjunto.
A pesca artesanal na Lagoa de Piratininga é uma atividade econômica e cultural de grande importância para os moradores locais. Visando preservar essa prática, o Parque Orla Piratininga está implantando cinco estruturas de apoio à atividade pesqueiras artesanal constituídas de espaços para guarda de barco, material de pesca e píeres de pesca. Tais espaços existiam de forma precária, o que gerou a reivindicação dos pescadores de espaços mais adequados à suas atividades.
O conceito arquitetônico para o Centro Ecocultural foi estabelecido a partir de investigações do local, optando-se por tornar a Lagoa a protagonista do espaço, aproximando o centro o máximo permitido de seu perímetro, reforçando ainda mais a presença da lagoa na vida dos moradores locais. o Centro Ecocultural será a ponte para as relações humanas em conexão com ambiente natural e também o ambiente construído.
A grande praça coberta do pavimento térreo abriga os serviços de recepção; guarda-caiaques; espaço multiuso; sanitários e vestiários; e restaurante. A circulação fluída potencializa o abrigo para exposições temporárias e fixas; a circulação vertical foi estabelecida através de uma escadaria desenhada para exercer também a função de arquibancada, atendendo assim a necessidade de um espaço informal para reuniões das associações de bairro, pescadores e público em geral.
Para atender a acessibilidade, foi prevista uma plataforma elevatória na recepção, de forma a garantir o acesso a pessoas com mobilidade reduzida e pessoas com necessidades especiais a todas as áreas do espaço.
O mezanino abriga uma sala de reuniões e uma sala administrativa que atende a uma necessidade solicitada pela municipalidade. As passarelas e espaços vazios do mezanino criam oportunidades para exposições e encontros, criando assim espaços ativos em todo o conjunto.
A Ilha do Tibau fica localizada no Jardim Imbuí, destaca-se que era uma ilhota, cujo nome é em referência ao restaurante do Tibau, pertencente à família Tibau, que está entre os primeiros moradores da região. No passado a ilhota chegou a abrigar apenas um pequeno campo de futebol utilizado pela população, cujo acesso se fazia por meio de ponte, construída pelos próprios moradores. Em 2013, com a dragagem de alguns trechos da Lagoa por parte do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), esta pequena ilha artificial foi utilizada como bota-fora do material. Com o assoreamento e acúmulo de sedimentos na ilhota, seu perímetro foi aumentando ao longo do tempo e, pouco a pouco foi colonizada por vegetação de leucenas, uma espécie de árvore exótica-invasora, originária da América Central, que inibe o crescimento das espécies de mata atlântica e de mangue em virtude da facilidade de crescimento em solo pobre em nutrientes e devido a intensa produção de sementes.
Com as obras do POP, a Ilha do Tibau tornou-se um polo de esporte e lazer, com infraestrutura pronta para receber moradores e visitantes, com 2 quadras, vestiário, banheiros, ilha de ginástica para terceira idade, parque infantil e um mirante com vista panorâmica em 360º da Lagoa de Piratininga, além de paisagismo ecológico e reflorestamento com 500 mudas de espécies nativas. Um espaço verde compartilhado entre a população e a vida silvestre, em um parque urbano, o Parque Orla Piratininga.
Na fase anterior às obras, visando o desenvolvimento do projeto de forma colaborativa e tornando o morador seu coprotagonista do Parque Orla Piratininga, foram realizadas reuniões em cada um dos nove trechos.
Estas reuniões incluíram os diversos segmentos locais, sobretudo as Associações de Moradores, como a do Bairro da Fazendinha, Associações Ambientalistas, como o SOS Lagoa, e com interessados não associados como os pescadores artesanais para definição da localização dos píeres de pesca. Foram realizadas, também, reuniões gerais com os moradores da Região Oceânica. Como resultante deste processo de interação com os moradores, foram incorporadas ao projeto cerca de 85% das demandas apresentadas.
Antes da intervenção das obras no local e paralelamente ao andamento das obras, a equipe de mobilização da UGP/CAF vem realizando a abordagem porta a porta dos moradores para esclarecimentos técnicos sobre as obras, visando intensificar o envolvimento dos moradores locais. Nestes diálogos foram informados os possíveis impactos, as ações mitigatórias/compensatórias a serem aplicadas e as melhorias trazidas pelo POP após o término da obra, assim como foi esclarecida sobre os informativos dos experimentos para a redução de lodo da Lagoa de Piratininga.
As atividades de mobilização e comunicação das obras do PRO Sustentável são realizadas de forma contínua e permanente.
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